Banheiro

O pequeno edwin podia ver, sobre a pia, que a torneia estava gotejando de forma insistente e extremamente rápida.

Jimmy estava atrás da porta riscando ela toda com seu sangue. O garoto que estava cagando sequer o viu, mas podia escutar sua loucura.

A porta não cedia. Continuava lá parada como se uma força mística impedisse a sua destruição.

Ainda correndo pelo corredor, Lauren carregava junto consigo a bolsa e livro, enquanto procurava pelo banheiro. Mas parou bruscamente ao ver aquela cena. Seu coração agitado falhou uma batida. Mecanicamente, seus pés recuaram dois passos enquanto seus olhos pareciam pular de orbita.
- N-Não... Não... M-Mãe...
Tampando as orelhas e sentindo as lagrimas escorrendo pelo rosto, ela se ajoelhou no chão e gritou mais uma vez. No lugar do rapaz, ela via a mãe ensanguentada do pescoço pra baixo, as madeixas enegrecidas ainda mais com o rubro e um olhar distante enquanto segurava uma faca enferrujada na mão. Ela ainda podia ouvir sua voz. "Lauren, me siga. Não me deixe. Lauren. Você é uma boa menina. Lauren. Lauren. LAUREN. LAUREN. LAUREN. LAUREN!"

O garoto ia jogar os papéis do bloquinho no lixo, quando achou um pedaço de fita feita de seda roxa. 

Assim que ele fechou a torneia ela se abriu liberando ainda mais água, como se estivesse quebrada.

Ainda sentia a cabeça latejar quando sentiu o corpo cambaleando para trás, até que estivesse sentada no chão, observando as costas de um homem. O rosto marcado por lagrimas ficou ainda mais contorcido de medo e ansiedade, conforme uma outra cena invadia sua cabeça. Ela levou as mãos até o peito e se curvou pra frente, fechando os olhos com forçar e tentando acalmar a respiração.
- Isso não é real. Isso não é real. Isso não é real.
Ignorava tudo ao seu redor, até mesmo a possível ameaça de ser tomada como refém, tudo que tinha em mente era o impulso de sair correndo para longe até que seus pés sangrassem, como já havia feito uma vez.

A voz do homem tentando tranquiliza-la a puxou para a realidade, fazendo com que as lagrimas diminuíssem. Com um longo suspiro tremulo, ela tentou se levantar com calma, para não perder o equilíbrio, enquanto observava a luta.
- Parem com isso! Alguém vai se machucar seriamen--
"Vamos morrer juntas, Lauren! Vamos fugir daqui!" Sentindo o corpo ser consumido por uma tontura anormal, ela procurou se apoiar na parede, com o rosto estático encarando o chão. Tudo parecia estar girando de forma macabra, e as frases que ouvia se misturavam tornando o som indecifrável. "Eu não quero morrer aqui." Apertando a alça da bolsa nas mãos, ela a atirou no chão junto com o livro que carregava e correu na direção do rapaz, fechando a mão em punho e lhe acertando um soco no peito, calculado com força apenas para deixa-lo sem ar. Aproveitando do desequilíbrio ela pegou a bomba e girou nos pés para joga-la para o outro lado do corredor.

Jonathan Salvatore, por algum motivo inexplicável e que fugia seu controle, sentia um ódio incrível por Jimmy. Ao mesmo tempo que perto do corpo do garoto atacado uma bomba verdadeira aparecia, quase que por magia.

Os dois se matariam naquele momento sem direito a segundas escolhas.

Parece que Jimmy tate mesmo cortando seu pescoço foi incapaz de concretizar a própria morte.

O sangue espirrava para todos os lados, mas ele ainda continuava vivo e pelo visto... BEM.

Seu corpo se recusava a morrer pelas próprias mãos!

Um pequeno sorriso confiante surgiu em seus lábios, assim que começou a achar que tudo tinha acabado. Mas quando se virou ao ouvir a voz do homem, ela sentiu respingos manchando seu rosto, fazendo com que sua boca ficasse entreaberta com a surpresa.
"Lauren, você é uma boa menina, realmente uma boa menina. Por isso, Lauren, vamos morrer juntas. Você não quer se separar da sua mãe, não é? Não aguenta mais viver nesse inferno assim como eu, não é?! Lauren!"
- NÃÃÃÃÃÃO!
Gritando até sentir a garganta arder, ela pegou o cabo do canivete e o puxou, para depois mergulha-lo novamente em seu pescoço. Puxando-o para longe do outro homem e empurrando-o para o chão, ela sentou em seu corpo e continuou a golpear freneticamente com o canivete em seu peito.
- EU NÃO QUERO MORRER! ME DEIXE EM PAZ! MORRA DE UMA VEZ! ME DEIXE PAZ! ME DEIXE PAZ!

- Faça isso! Faça agora! Vamos ficar juntos para sempre... você prometeu, não é mesmo, Jimmy? Faça isso. Você quer fazer isso, faça isso por nós. - A voz de antes voltou a bater em sua cabeça repetidamente. - Faça isso, nos exploda para sempre. Vamos nos encontrar novamente! Vamos jimmy!